“Cientistas atômicos” ajustaram nesta terça-feira (28) o “Relógio do Juízo Final” para mais próximo da meia-noite do que em qualquer outro momento. O Bulletin of the Atomic Scientists ajustou o relógio para 89 segundos antes da meia-noite — o ponto teórico da aniquilação.
Isso é um segundo mais próximo do que foi definido no ano passado. A organização sem fins lucrativos sediada em Chicago criou o relógio em 1947, durante as tensões da Guerra Fria após a Segunda Guerra Mundial, para alertar as pessoas sobre a proximidade da destruição do mundo pela humanidade.
Eles justificaram a alteração deste ano devido a ameaças sobre armas nucleares da Rússia em meio à invasão da Ucrânia, as tensões em outros pontos críticos do mundo, as aplicações militares da inteligência artificial e as mudanças climáticas, fatores que aumentariam os riscos de catástrofe global.
“Os fatores que moldam a decisão deste ano risco nuclear, mudança climática, o possível uso indevido de avanços na ciência biológica e uma variedade de outras tecnologias emergentes, como a inteligência artificial não eram novos em 2024”, ponderou Daniel Holz, presidente do Conselho de Ciência e Segurança do Bulletin.
“Mas temos visto um progresso insuficiente na abordagem dos principais desafios e, em muitos casos, isso está levando a efeitos cada vez mais negativos e preocupantes”, advertiu.
“A definição do Relógio do Juízo Final em 89 segundos para a meia-noite é um aviso para todos os líderes mundiais”, acrescentou Holz.
Guerra da Ucrânia e ameaça nuclear
Citada pelo especialista, a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 deu início ao conflito mais sangrento da Europa desde a Segunda Guerra Mundial, por exemplo.
“A guerra na Ucrânia continua a se apresentar como uma grande fonte de risco nuclear. Esse conflito pode se intensificar e incluir armas nucleares a qualquer momento devido a uma decisão precipitada ou por acidente e erro de cálculo”, disse Holz.
Em novembro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, alterou as diretrizes para um ataque nuclear em resposta a um número maior de ataques convencionais.
A medida foi classificada pelo Kremlin como um sinal para o Ocidente em meio a uma guerra na qual a Ucrânia recebeu armas fornecidas pelos Estados Unidos e seus aliados.
A doutrina atualizada da Rússia estabeleceu condições sob as quais Putin poderia ordenar um ataque usando o maior arsenal nuclear do mundo.
A Rússia afirmou em outubro que não discutirá a assinatura de outro acordo com os Estados Unidos para substituir o Novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas, porque Moscou acredita que ele precisa ser ampliado e expandido para abranger outros países.
O entendimento limita as armas nucleares estratégicas que cada país possui, mas expira em 2026. “A agressão russa na Ucrânia, incluindo o uso repetido de ameaças nucleares desde o início da guerra, tem sido preocupante. Além disso, o recente retrocesso da Rússia em relação a importantes tratados de controle de armas é um sinal alarmante do aumento do risco nuclear”, pontuou Holz.